Projeto facilita a construção de hortas nos Quilombos Urbanos de Porto Alegre

[Español Abajo]

Em uma parceria da Amigos da Terra Brasil com a Frente Quilombola RS, três quilombos urbanos estão construindo hortas em seus territórios como um passo em direção à soberania alimentar de centenas de famílias.  

Foto: Luiza Dorneles. AT Brasil.

 “A gente já tem essa ancestralidade, do plantio, do cuidado com as plantas, mas vai se perdendo. Agora a gente tá resgatando isso, e junto com as crianças da nossa comunidade. Então os pequenos aprendem, a gente aprende, todo mundo aprende junto.” (Geneci Flores, 42 anos) 

Esse é o sentimento de Geneci Flores, 42 anos, liderança quilombola do Quilombo Flores, um território urbano localizado em uma metrópole no sul do Brasil – Porto Alegre. A cidade possui hoje 8 quilombos autointitulados e reconhecidos pela Fundação Cultural Palmares (FCP), e três deles fazem parte de um projeto de instalação de hortas para a soberania alimentar dos territórios ancestrais urbanos: o Quilombo Lemos, o Quilombo dos Machado e o Quilombo Flores. A ação é resultado de uma parceria entre a organização Amigos da Terra Brasil (ATBr) e a Frente Quilombola do Rio Grande do Sul (FQRS).

Os quilombos urbanos são, por si só, resistência em meio ao concreto das grandes imobiliárias. São territórios negros, de famílias remanescentes de quilombolas que preservam os valores de comunidade, solidariedade, afeto. Valores evidentes em qualquer visita a um quilombo ou mesmo em uma conversa com as mulheres e homens, jovens e crianças que ali vivem. “Agora que as plantas vão crescendo, eu vou fazendo mudas. Pra quando as pessoas vêm visitar o Quilombo, a gente entregar uma mudinha de alecrim e malva cheirosa, por exemplo. E assim espalhar por aí, compartilhar, né?”, comenta Geneci.

Ser alimentado por empresas transnacionais ou pela Terra?

“A gente não quer comprar do supermercado e das empresas que exploram a gente e só querem lucrar. Podendo plantar nossa comida, a gente tem autonomia, pra não ser explorado nem depender de empresa nenhuma”, afirma Geneci.

Plantar no território quilombola, além de permitir a reconexão com saberes ancestrais de cuidado com a Terra, significa alimentar e ser alimentado por ela. Quando quem alimenta é uma empresa transnacional, a comida vem carregada de desmatamento, veneno, remoções forçadas de populações e, muitas vezes, assassinatos de lideranças. O desejo das comunidades quilombolas de Porto Alegre é justamente não depender desse circuito explorador e violador de uma série de direitos, mas sim fortalecer sua soberania alimentar a partir do cultivo próprio, resgatando os saberes de seus antepassados e reafirmando seus valores de solidariedade com o próximo.

O projeto de construção de hortas nos Quilombos Urbanos inicia em três territórios de Porto Alegre, mas pretende ir adiante. A ideia é que essa parceria entre ATBr e FQRS facilite ainda mais construções de hortas e cultivos para que cada quilombo possa se tornar, a cada dia, mais soberano e independente! 

Foto portada: Carol Ferraz. AT Brasil.

[ESP]

Proyecto facilita la construcción de huertas en los Quilombos Urbanos de Porto Alegre

En una alianza entre Amigos da Terra Brasil y Frente Quilombola RS, tres quilombos urbanos están construyendo huertas en sus territorios como un paso hacia la soberanía alimentaria de cientos de familias.

“Ya tenemos esta ancestralidad, sembrar, cuidar las plantas, pero se está perdiendo. Ahora estamos rescatando esto, y junto con los niños de nuestra comunidad. Entonces los pequeños aprenden, nosotros aprendemos, todos aprenden juntos ”. (Geneci Flores, 42 años)

Este es el sentimiento de Geneci Flores, 42 años, liderazgo quilombola de Quilombo Flores, un territorio urbano ubicado en una metrópoli en el sur de Brasil – Porto Alegre. Hoy la ciudad cuenta con 8 quilombos homónimos reconocidos por la Fundação Cultural Palmares (FCP), y tres de ellos forman parte de un proyecto de instalación de huertas para la soberanía alimentaria de territorios urbanos ancestrales: Quilombo Lemos, Quilombo dos Machado y Quilombo Flores. La acción es el resultado de una asociación entre la organización Amigos da Terra Brasil (ATBr) y el Frente Quilombola de Rio Grande do Sul (FQRS).

 

Los quilombos urbanos son, por sí mismos, resistencia en medio del hormigón de las grandes inmobiliarias. Son territorios negros, de familias quilombolas restantes que conservan los valores de comunidad, solidaridad, cariño. Valores evidentes en cualquier visita a un quilombo o en una conversación con las mujeres y hombres, jóvenes y niños que allí habitan. “Ahora que las plantas están creciendo, estoy haciendo plántulas. Para cuando la gente viene a visitar Quilombo, entregamos una plántula de romero y malva fragante, por ejemplo. Y así difundirlo, compartir, ¿no? ”, dice Geneci.

¿Ser alimentado por empresas transnacionales o por la Tierra?

“No queremos comprar en el supermercado y en empresas que nos explotan y solo quieren obtener ganancias. Al poder plantar nuestros alimentos, tenemos autonomía, para no ser explotados ni depender de ninguna empresa ”, dice Geneci.

Plantar en territorio quilombola, además de permitir la reconexión con el conocimiento ancestral del cuidado de la Tierra, significa alimentarse y ser alimentado por ella. Cuando la comida viene de una empresa transnacional, está cargada de deforestación, veneno, desalojos forzosos de poblaciones y, a menudo, asesinatos de líderes. El deseo de las comunidades quilombolas de Porto Alegre es precisamente no depender de este circuito explotador y violador de una serie de derechos, sino fortalecer su soberanía alimentaria a través del autocultivo, rescatando el conocimiento de sus antepasados ​​y reafirmando sus valores de solidaridad con los demás.

El proyecto de construcción de la huerta en Quilombos Urbanos se inicia en tres territorios de Porto Alegre, pero pretende seguir adelante. La idea es que esta asociación entre ATBr y FQRS facilitará aún más la construcción de huertas y cultivos para que cada quilombo pueda volverse, cada día, más soberano e independiente.